Baco, também chamado Dioniso, na antiguidade era o deus do vinho e do teatro. Licenciosidade sexual, possessão e transcendência de limites da vida cotidiana eram as formas de contato com o deus, seu culto era uma experiência corporal instintiva, continuamente associado às orgias e bebedeiras, festas que levavam à uma transe uma experiencia de perda de consciência.
"Cristal: Medo da bebida, de você, de suas palavras, medo de que pudesse me... Você levava-me para a cama quase arrastada, rasgava-me a roupa, deixava-me nua, mordia-me os lábios, a boca, a barriga, cometia loucuras. O cheiro de cachaça entranhado em minha pele." (Fala de Cristal para Horácio, Ambivalência, Miguel Jorge.)
A embriaguez entendida como mudança de estado de consciência é compreendida como a emergência do divino no culto dionisíaco.
O dom de Dioniso é o dom da absoluta liberdade, seu culto exigia um envolvimento visseral ligado ao êxtase e a selvageria. A peça as Bacantes de Eurípedes (480-406 a.C.) ilustra bem o espirito relacionado ao culto de Baco.
O culto a Dioniso era a expressão máxima do divino que existe oculto no inconsciente, com música, dança, festa e representações. A energia de Baco é a energia do teatro primitivo, por meio do transe, da celebração festiva e coletiva. O teatro é livre e deve se permitir, o expressar de um inconsciente que é socialmente reprimido e encontrar meios de mostrar um vida cotidiana em contraposição/composição ao extra cotidiano.
"Cristal: A sempre um bom motivo para uma celebração" (Cristal para Horácio, Ambivalência, Miguel Jorge.)
Rodeia Baco, cuja fronte a hera
Cinge, como a Apolo, e a quem espera
Como a Apolo, a eterna juventude.
Em torno ao jovem deus, lindas bacantes,
Címbilos, tirsos, plantas carregando,
Da embriaguez se mostram presa, quando
Bem alto entoam versos delirantes.
Luciano Di Freitas
Ator-pesquisador da Cia Novo Ato
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